Trabalhadores de aplicativo entram na agenda de prioridades do governo Lula
Trabalhadores de aplicativo entram na agenda de prioridades do governo Lula
O governo federal decidiu colocar os trabalhadores de aplicativo no centro de sua agenda de prioridades. A estratégia busca se aproximar de um contingente estimado em 1,7 milhão de pessoas que vivem à margem da CLT e do INSS, compondo um universo que desafia tanto as políticas sociais quanto os cálculos eleitorais do Palácio do Planalto.
Mais do que uma pauta trabalhista, o movimento reflete uma preocupação política. Essa categoria, majoritariamente masculina (83,9%), formada por pretos e pardos (54%) e com idade entre 25 e 39 anos (47,3%), costuma se manter distante da esquerda tradicional e rejeita o modelo da Consolidação das Leis do Trabalho. Mesmo assim, passou a ser vista como essencial para o projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.
Nos primeiros três anos do atual governo, as tentativas de regulamentar a atividade não avançaram e a pauta perdeu tração. Agora, a missão de reconstruir pontes caberá a Guilherme Boulos (PSOL), que assumiu a Secretaria-Geral da Presidência da República na semana passada. O novo ministro terá o desafio de dialogar com um setor que, apesar de crescente, ainda demonstra resistência às propostas petistas.
Boulos, que enfrentou dificuldades para conquistar o apoio desses profissionais durante a campanha à prefeitura de São Paulo em 2024, pretende intensificar gestos de aproximação. Ele é autor de um projeto de lei que trata da regulação dos trabalhadores de aplicativo, apresentado em maio, após uma série de paralisações conhecidas como “breques”, lideradas por entregadores em São Paulo.
Dados recentes do IBGE mostram que a categoria cresceu 25,4% em relação a 2002, ano da primeira eleição de Lula. Com o avanço desse grupo, que valoriza a autonomia e a flexibilidade, o governo tenta formular propostas que conciliem proteção social e liberdade individual, reconhecendo que o erro anterior foi tentar encaixá-los em moldes tradicionais da CLT.
O desafio, agora, é político e simbólico: garantir direitos sem engessar um modelo de trabalho que se tornou símbolo da economia digital e, ao mesmo tempo, reconquistar um eleitorado que tem se mostrado cada vez mais distante do campo progressista.
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